domingo, 17 de junho de 2012

Amargo

Café frio, sem açúcar. Café com muito açúcar. Falta de café. Gelatina aguada. Gelatina com corpo de fundo. Coca-cola sem gás. Coca-cola quente. Torta de aniversário dura. Carne dura. Arroz duro. Duro. Resto. Resisto. Com a barriga cheia e uma vontade impressionante de vomitar percebo que hoje é um daqueles dias em que o melhor era não ter aberto os olhos. Olhos de quem não vê. Ver o invisível. Velocidade máxima nas curvas da falta de bom senso. Acordei amarga. Puro fel nos ares frescos de uma quase-gripe. Melhor não seguir essa conversa. Melhor ficar parada. Pausada. Paulada. Acertar essa má vontade com um bastão de sorrisos. Mas hoje não vai dar. Vou ter de ficar aqui com minha rabugice. Nessa noite vou deixar meus fantasmas me assombrarem e as lágrimas mais efervescentes vão descolorir meu rosto de cinza. O travesseiro vai ficar molhado e eu vou me martirizar com os raios intrusos de uma vida que já foi e uma vida que jamais poderia ter sido. Só por essa noite de chuva eu vou azedar. 

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