domingo, 13 de maio de 2012

Mais uma de amor III

Dessa vez vamos mudar de foco. Quer dizer, mais ou menos. Vamos acrescentar um personagem a essa história, um antagonista barato mas necessário. Sim, pois quem sabe os não-leitores desse blog possam crer estranhas tantas declarações esbaforidas vomitadas ao acaso nesses últimos dias, logo me sinto na quase-obrigação de explanar alguns pontos. Vamos dar um nome ao nosso novo integrante: Zé. Isso mesmo: Zé, para poder virar Zé-Mané, pois é mais ou menos essa a posição esdrúxula do elemento nesse carrossel. Zé entra nesse pandemônio no instante em que deixa de ser homem para ser criança de retorno, mais ou menos como Peter Pan, só que sem os desejos infantis deste outro. Zé-Mané despertou nesta que escreve os mais pútridos e fétidos sentires ao pisar em seu ego, o que fez com que esta, egoísta e mesquinha, derramasse ao mundo fatos que jamais tornaria públicos caso não houvesse essa necessidade imbecil e escorpiana de vingança. Isso mesmo. Vingança. V de Vendetta. Zé-Mané precisa saber que ela o amou, mas nunca nem por um segundo esquecera por completo a Joãozinho (o do diminutivo, lembram?). Ela tem a necessidade quase fisiológica de lhe jogar na cara, de um modo tosco e desajeitado, a prova de que não precisa dele pra viver, muito menos pra amar, e que outro homem habitou sua mente enquanto ele habitava seu corpo. Na verdade Zé-Mané a salvou quando na ponta da tábua do navio, com a espada nas costas. A diferença é que talvez as ondas geladas de um mar de imprecisão fossem mais adequados do que a calmaria do lago profundo e traiçoeiro que Zé lhe ofertaria dali em diante. Foram indo, se acostumaram, se amaram talvez. Quando tudo acabou em definitivo foi que a redatora percebeu que nunca dera tampouco daria certo. Mas dai nasce algo que nos relacionamentos só se percebe ao fim: o individualismo torpe de todo humano que se sente abandonado. Confunde-se amor com comodismo, paixão com posse, carinho com obrigação. E assim vai se levando a vida com a ponta da barriga até que os antes namorados tornem-se quase estranhos que sentem um velado nojo mútuo. Todos esses sentires se mesclam e fazem dos humanos quase símios de retorno, ou muito pior que isso: queremos ferir, queremos marcar na carne, queremos deixar ao mundo a mostra de que superamos o insuperável: nós mesmos. Não sei quais são minhas reais intenções para com tudo isso. Ferir, exibir, ostentar, suplicar, esquecer. Não. Justiça é a palavra. Se foi bom enquanto durou, já nem lembro mais. O que havia de ruim superou o que se fez de bom e agora o que restou é a migalha de uma vida que não foi. Pensando bem, nesses últimos dois anos as coisas foram estranhas, mas a escritora já viveu dias muito mais nebulosos. Agora é a hora de sair do armário de Nárnia e encarar a vida. O que ficou pra trás, ficou. As mágoas, com o tempo, vão passar. Zé virou mané pela imaturidade que talvez a então companheira tenha despertado pela presença quase que diária de uma vida adulta. Nem a diferença de idade nem de personalidade os separaram, o que os apartou foi o modo nefelibata de Zé ver o universo. Ela via os dias como concretude, deixando o devanear para as horas alheias. Ele, o oposto. Não era culpa de ninguém. Agora os tempos eram outros. Esperava luz e paz para este que fez, sim, por alguns dias a alegria desta que vomita verborragicamente. Não lhe deseja mal. Apenas tem a certeza de que naquele sábado, dia 4 de dezembro de 2011, ela não deveria ter saído de casa. Deveria ter investido no outro páreo. Mas agora é tarde, e é hora da caravana andar. Quem sabe o outro cavalo não passa encilhado novamente? 

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